História da Cidade de Urucânia - MG

Foto da Cidade de Urucânia - MG

Conheça um pouco mais da história da cidade de Urucânia no estado de Minas Gerais (MG) a seguir. Compartilhe com seus amigos e parentes!

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Etimologicamente ?Urucânia? procede do tupi, ?urucu? (ou urucum), que significa, o ?vermelho?; é um fruta silvestre que os nossos índios usavam ou usam para se pintarem antes das batalhas ou festas; donas de casa de alguns estados do Brasil usam-na para corante na cozinha (para o arroz e outros) e são usados também na fabricação de bronzeadores.

Os primeiros habitantes dessa cidade chegaram em meados do século XIX, instalando-se no local onde hoje é a sede do município.

Por volta de 1869, Francisca Inácia da Incarnação, senhora fervorosamente católica, amiga dos escravos e protetora dos colonos, mandou erguer uma capela e uma casa para abrigar o sacerdote em terreno por ela doado.

Na mesma época surgiu o cemitério, construído onde atualmente se encontra a Igreja Matriz.

Além de Dona Francisca, doaram terras para o patrimônio do povoado: José de Assis, Manoel Inácio da Silva, Antônio Bento de Souza, Joana Cláudia, José da Silva e José Justiniano da Fonseca.

Essas doações datam de 1862 a 1873.

Como era grande a quantidade de urucum nestas terras, o povoado denominou-se Urucu e a capela foi dedicada à Nossa Senhora do Bom Sucesso do Urucu.

Em 13 agosto de 1873, inaugurava-se o povoado, sendo este elevado a Freguesia (povoado atendido por um sacerdote) pela Lei n.

3.

442, de 23 de setembro de 1887.

Em 17 de outubro de 1889, o povoado foi elevado à Vila e no dia 13 de setembro de 1891, pela Lei n° 2.

763, a mesma se tornou Distrito e na mesma ocasião, foi criado o povoado de Cardosos.

Em 11 de julho de 1895, a Paróquia Nossa Senhora do Bom Sucesso foi canonicamente instituída, sendo Padre Francisco de Paula Gastani, seu primeiro vigário.

Posteriormente com a chegada de usinas açucareiras em 1924 e o cultivo extensivo da cana-de-açúcar nas proximidades do povoado, este passou a chamar-se Urucânia.

Em 31 de maio de 1938 pelo decreto lei Nº 09 da Prefeitura de Ponte Nova, foi constituída a área urbana do distrito e em 30 de dezembro de 1962, através do Decreto Lei Nº 2.

764, o mesmo foi desmembrado do município de Ponte Nova.

Com a emancipação político-administrativa, surge assim o município de Urucânia que foi solenemente instalado no dia 1º de março de 1963 com a nomeação do primeiro administrador José Pinheiro Brandão.

Ainda neste ano, no dia 1º de setembro, acontece a eleição do Prefeito Municipal (Paulo Giardini) e a Câmara Municipal é composta pela primeira vez por nove vereadores.

Em 11 de agosto de 1995 a Lei nº 19/95 criou o distrito de Bom Jesus de Cardosos, nos termos da Lei Orgânica Municipal e Lei Complementar Estadual nº 19/91, de 17 de julho de 1991, sendo sua instalação ocorridoem 03 de junho de 1996, passando o município a ser constituído de 2 distritos: Urucânia e Bom Jesus de Cardosos.

Gentílico: urucaniense UMA LENDA Embora conheçamos a nossa história, sabe-se porém que alguns estudiosos vêem no étimo ?uru? o significado de água, rio, lama, molhado.

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Isso se aplicaria então, ao caso da ?biquinha?, que de conformidade com uma antiga lenda, ?prende aqui para sempre quem dela beber?.

Pode ser uma lenda, mas o fato é que o município tem água em todas as suas divisas.

Com o município de Santa Cruz do Escalvado, água do Córrego de São Tomé e Ribeirão São Vicente e ainda a cabeceira do Córrego Antônio Joaquim; seguidamente temos as águas entre os ribeirões do Escalvado e Jatiboca e às da Cabeceira do Córrego do facão.

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E vem mais águas: Córregos da Piedade, das Flechas, Feijão Cru, dos Índios, Rio Casca, Córregos Manteiga, Mendes, da Trindade, dos Barros e Ponte Queimada.

REFLEXOS DA NOSSA HISTÓRIA: AGRICULTURA E ECONOMIA Na agricultura, desde seus verdes anos, Urucânia sempre esteve ligada ao cultivo e beneficiamento da cana-de-açúcar.

Já em 1925, a Usina Jatiboca, instalada no município um ano antes, chegava a produzir cerca de 2.

852 sacas de açúcar por dia.

O transporte da cana era feito em carros de boi e a produção de açúcar escoada pela ferrovia federal.

A produção da usina crescia em linha rápida, dando início em 1981 a produção de álcool combustível.

Durante um século a cana foi o principal fator de desenvolvimento da região.

A usina, durante o apogeu, em escala cada vez mais crescente, chegou a produzir mais de 1 milhão de sacas de açúcar, gerando em torno de 3000 empregos diretos e 6000 indiretos.

Foi de tal ordem a influência da cana, que a atividade agrícola em toda região, se voltava para sua produção.

Foram os anos verdes do desenvolvimento regional.

Ao tempo em que as atividades no campo expandiam os canaviais, Urucânia recebia uma legião de famílias vindas de outras cidades, em busca de trabalho.

Este fato marcou sobremaneira a evolução da cidade.

O município se viu diante da impossibilidade de abrigar em condições favoráveis todos os que a ele recorriam, causando um crescimento rápido e desordenado.

Por outro lado, ocorreu um processo de perda de identidade, em função da população flutuante que se instalava, rebaixada a condições precaríssimas de sustento em decorrência dos baixos salários gerados pela atividade canavieira que não exige qualquer tipo de especialização.

O declínio da atividade não tardou a chegar, incitando uma verdadeira debandada de agricultores para a sede e para os distritos, ocasionando verdadeiros bolsões de pobreza.

As grandes fazendas de outrora, na sua maioria, perderam a capacidade de investimento e muitas simplesmente desapareceram no contexto produtivo.

A cana, por ser uma cultura que exige pouca ou nenhuma tecnologia, condicionou a classe produtora, furtando desta, a capacidade de instalar e exercer atividades mais rentáveis e exigentes em termos tecnológicos e produtivos.

Alguns poucos produtores conseguiram sobreviver ao declínio da cultura e às turbulências do mercado globalizado, investindo na suinocultura comercial.

Grandes áreas de canaviais foram simplesmente transformadas em pasto para criação de gado, sem uma definição comercial do rebanho ? o que é pior.

Dezenas de pequenos produtores e suas famílias abandonaram os canaviais, vindo aportar na sede em busca de trabalho.

Centenas de pessoas se dirigiram para outros centros em busca de melhores condições de vida.

O subemprego, ou o completo desemprego passou a ser uma tônica na vida dessa gente.

Por outro lado, a evolução do quadro de oferta dos serviços públicos, quando comparado às necessidades instaladas em decorrência da desaceleração da atividade econômica municipal, revela uma lacuna preocupante.

O poder público municipal arrasta-se, distante de garantir ao cidadão a prestação básica essencial.

O processo decorre do crescimento da população urbana, do empobrecimento continuado desta e da incapacidade financeira do município realizar os investimentos necessários.

Cada vez mais o município assume funções antes compartilhadas ou de inteira responsabilidade de outras esferas de governo.

A cidade carece de pesados investimentos no redimensionamento, melhoria, ampliação e tratamento de esgoto sanitário, lançado in natura nos córregos e nascentes.

Falta drenagem pluvial na grande maioria das ruas, inviabilizando tecnicamente a implantação de calçamento, além claro, de onerar os custos deste.

A iluminação pública não atende a totalidade urbana, enquanto que no campo ainda existe uma centena de propriedades em completa escuridão.

Não existe patrulha agrícola, o que piora em muito as condições do homem no campo.

As creches são mantidas pela municipalidade, além dos serviços básicos de atendimento médico.

PADRE ANTÔNIO PINTO De 1845 até a chegada do Padre Antônio Pinto, espiritualmente Urucânia foi guiada por santos vigários, entre estes, o Padre Henrique de Souza Carvalho, Padre Efraim Solano Rocha, Padre Antônio de Pádua e Padre Tarcísio Mariano Lopes.

Sem desfazer, porém, do trabalho ingente, abnegado e silencioso de tantos sacerdotes a quem Urucânia tanto deve, jamais será esquecido o que fez o Padre Antônio Ribeiro Pinto, sacerdote dotado de poderosos atributos, vindo em 1946, de Santo Antônio do Grama.

Tornou este município não apenas conhecido de todo o Brasil, mas até mesmo no exterior pelos seus incontáveis milagres.

Praticamente não houve jornal e rádio que não falasse das graças e favores que obtiveram da Virgem Maria para todos os sofredores.

O lugarejo ainda descalço, se transforma num frenesi de estranhos, vindos de toda parte do Brasil e do exterior, em volumosas procissões de romeiros em busca de um alívio para os males do corpo e da alma.

O que o povo considerou ? nós não queremos de modo algum adiantar aos juízos da Santa Igreja ? ?Os milagres de Padre Antônio?, correram o mundo, atravessando mares e fronteiras, envolvendo de maneira praticamente nunca visto o fervor dos mineiros.

? Padre Antônio foi, sem dúvida, um homem de Deus, um predestinado que passou pelo mundo distribuindo graças e fazendo o bem, pregando e ensinando o evangelho (.

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), amando aos pobres e aos humildes, a eles dispensando paternal carinho e afeição, dedicando-lhes toda imensa bondade que morava em seu coração.

? Sua vida foi de sacrifício e provações, tal qual a dos pobres que ele tanto amou?.

? Homem de palavra simples, de gestos afáveis, de olhar sereno, de atos moderados, tinha Padre Antônio, a colorir-lhe a figura de uma auréola de pureza, inocência e santidade?.

Deixou anotado em 1º/05/1960: ?Como ponto final de minha humilde obra no mundo, estou vivamente empenhado na construção do Santuário de Nossa Senhora das Graças, em Urucânia, para o que apelo para esses devotos sinceros, que assim retribuirão um pouco do muito que Ela tem dispensado ao Brasil e à Humanidade?.

Os corações dos seus íntimos, dos seus amigos, dos seus fiéis, dos seus irmãos no sacerdócio, enfim, de todos os que tiveram a ventura de conviver com o ?Taumaturgo de Urucânia?, reunidos naquela imensa multidão, que silenciosa e emocionada, rendeu-lhe a tocante e derradeira homenagem [ era o dia 22 de julho de 1963, atualmente, dia de feriado em Urucânia, em sua homenagem], palmilharam comovidos no instante em que seu corpo baixava à terra, ao som tristonho dos sinos que dobravam à finados, exprimindo a cada badalada a dor comovente da ausência e da saudade.

Morreu Padre Antônio.

Priva-se a comunidade urucaniense de seu pastor, do seu pai, do seu guia, do se amigo sincero e puro de todas as horas, que na Mansão Celestial, por certo continuará velando por ela e por todos nós.

A arquidiocese de Mariana está de luto: perdeu um grande sacerdote; a igreja está em festa: O Céu ganhou um novo santo?.

A cada ano no seu dia 22 de julho, em Urucânia, celebra-se a sua memória presente nos corações e mentes de milhares de brasileiros e no período de 18 a 27 de novembro, é realizada a Festa da Medalha Milagrosa em honra à Nossa Senhora das Graças, data em que milhares de fieis recorrem ao Santuário onde estão depositados os restos mortais do Reverendo.

MUSEU PADRE ANTÔNIO PINTO Com piedosa reverência, é muito visitado o ?Museu Padre Antônio Pinto?.

? É onde guardamos com carinho os objetos que pertenceram ao santo Padre Antônio.

Toda a sua humildade, simplicidade e pobreza estão ali representadas nos seus objetos de uso caseiro.

Demonstram a grandeza de sua alma de homem santo que viveu humildemente enquanto poderia viver no luxo e que preferiu viver uma vida simples ao lado da sua mãe espiritual, Nossa Senhora das Graças.

? Bastante interessante é o que está contiguamente guardado com idêntico carinho na ?Sala dos Milagres?: ?Lá vamos encontrar a comprovação dos seus milagres , pois ali podem ser vistos centenas de objetos de uso pessoal de romeiros que aqui vieram buscar um alívio para seus males e o encontrando, deixaram-no com a marca de sua fé?.

O SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS Urucânia foi abençoada ao ser escolhida para presenciar os milagres de Nossa Senhora das Graças.

Inúmeras pessoas dos mais longínquos lugares aqui vieram para procurar cura para seus males físicos e morais.

O monumental ?Santuário de Nossa Senhora das Graças? foi inspirado pelo saudoso Padre Antônio Pinto, iniciado pelo seu xará Padre Antônio de Pádua e foi concluído pela generosa, entusiástica e piedosa colaboração de tantos urucanienses e visitantes, peregrinos e romeiros que aqui apareceram.

As linhas arquitetônicas do grandioso templo constituem alguma coisa de quase indescritível, já pelo dinâmico aparato, já pela beleza da arte, já pela privilegiada localização na colina onde está, proporcionando-nos belíssima visão panorâmica da cidade e aquela brisa deliciosamente fresquinha, leve, suave, acariciando em nosso rosto.

A grande imagem da Virgem, esculpida num só bloco de madeira pelo artista lusitano que tinha atelier no Rio de Janeiro (o mesmo que esculpiu o impressionante Senhor dos Passos que se encontra na Basílica de São José Operário, em Barbacena), está no altar-mor e parece olhar-nos.

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falar-nos! Junto do altar-mor ? lateralmente à esquerda ? localiza-se o túmulo de Padre Antônio, daquele que já ficou conhecido no consenso popular como o ?Taumaturgo de Urucânia?; sua sepultura está sempre ornamentada com flores naturais.

Fonte

Secretaria da Cultura em 01/10/1999 Bibliografia: Urucânia, sua história e sua gente - 1974 (Manoel Mayrink Neto) ? Onde está declarado que houve consultas ao IBGE, arquivo Paroquial, arquivo da Prefeitura Municipal, arquivo da Cúria Diocesana de Mariana, Informes da Prefeitura de Ponte Nova e informações de pessoas idosas do município, destacando-se as do Ex-escrivão Sr Agenor de Godoy) ? Cópia da crônica publicada no ?Jornal do Povo?, de Ponte Nova; Museu Padre Antônio Pinto; Revista ?Estrela do Mar? e Artigos sobre a Língua Tupi, do autor A.

Maia.

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